quarta-feira, dezembro 31, 2008

Old Long Since

Desde Aquele Tempo

Devem antigos conhecidos se esquecerem,
E nunca mais se encontrarem?
Devem antigos conhecidos se esquecerem,
E também seus velhos tempos, desde aquele tempo?

Por desde aquele tempo, meu amado,
Por desde aquele tempo,
Nós tomaremos uma taça de bondade,
Por desde aquele tempo.

E com certeza você terá sua parte!
E com certeza eu terei a minha!
E nós tomaremos uma taça de bondade,
Por desde aquele tempo.

Nós dois corremos pelas colinas,
E colhemos as margaridas;
Mas vagamos com os pés exaustos,
desde aqueles tempos.

Nós dois remamos contra a corrente,
Da aurora ao anoitecer;
Mas entre nós brandaram os mares,
Desde aqueles tempos.

E aqui está minha mão, confiável amigo!
E dê-nos a sua mão também!
E juntos seremos uma correnteza de bem;
Por desde aquele tempo.


Essa é uma tradução meio porcaria que eu fiz do poema escocês Auld Lang Syne, escrito por Robert Burns. Aí o poema virou uma música tradicional de ano novo e a versão que eu gosto é essa da Mairi Campbell:

(Ignoremos as imagens de patinhos e garças esquisitas que aparecem durante o vídeo, ok?)

E sabem, eu acho os sotaques escocês e irlandês lindos, sério. Mas eu simplesmente tenho uma dificuldade horrorosa para compreendê-los em um todo. Uma vez tentei assistir Billy Elliot sem lengenda. Gente, foi um desastre.

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sábado, dezembro 13, 2008

Awake

I'm awake.
My wet and cold hair is spreaded against your pillow.
My tired body is curled inside your old shirt.
I watch you while you sleep.
I see your face in the dark, I stare at it's lines, I feel your heart with my hand.
But you still can't wake up.
[please wake up. please]
You just can't.

I'm still awake.



Eu tentei escrever esse texto em português, juro que tentei. Mas simplesmente ficava muito brega "eu te observo dormir, sinto seu coração bater com a minha mão". Parecia música sertaneja.

E outra coisa:

Queeeeem? Eeeeu? Que isso! Foi meu eu lírico! Não me bota no meio não!

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sexta-feira, dezembro 05, 2008

Post Inauguração - Conto sem nome

Houve uma grande e terrível guerra entre dois reinos e a vitória de um significou a completa destruição de outro. Não sobraram casas, plantações, castelos ou cidades. Foram mortas todas as crianças, mães e pais.
Mas nos campos cinzas da imensidão vazia, dois soldados do reino vencedor ouviram, o mais fraco e baixo dos lamentos. Se não fosse aquele um dia sem vento e aquele lugar o lugar o mais vazio da Terra, o pequeno e infeliz som teria passado desapercebido.
Cautelosamente, andando nas pontas dos pés, um dos soldados localizou a origem dos gemidos agudos: uma jovem, jogada entre os cadáveres, respirava e chorava. Seu corpo encolhia-se como uma concha e seus cabelos sujos tampavam seu rosto.
A última de seu povo. Às lágrimas.
Porque não morrera durante as batalhas, nunca se saberá. Assim como seu nome, quantos amigos e familiares tinha e perdeu, assim como chegara àquele inóspito campo de corpos abandonados.
O soldado chamou o companheiro e talvez da simples surpresa de a encontrarem, decidiram não matá-la. Ergueram-na e verificaram que não estava sequer ferida. Sua dor era interna, imaginavelmente intensa.
No caminho para o acampamento, seu choro não se alterou. Um dos soldados, o que a não carregava nas costas, tentou consolá-la com promessas de que não seria machucada nem violentada. De nada adiantou e ela passou a soluçar, ainda que baixinho.
Foi imeadiatamente apresentada ao comandante daquela determinada tropa. Seus olhos encharcados encararam profundamente os do homem maduro e exausto das estratégias e batalhas.
Mais uma vez, foi poupada. Os dois soldados que a encontraram foram designados para escoltá-la até a presença do general das fronteiras. Poderia ter seu destino decidido lá, por outra pessoa.
Na viagem, chorou abertamente, gemendo alto, sentada confortavelmente na carruagem militar. Mesmo preocupados, os dois soldados nada disseram.
O general também a despachou quase que imediatamente. É a última sobrevivente de uma guerra terrível. Deixe que que o Conselho Real de nosso país discuta o que fazer com ela.
Quanto mais distante daquele campo morto ela ficava, mais a tristeza a tomava. Os lamentos eram incessantes, cada vez mais altos e histéricos. Nunca ficava rouca, nunca se cansava, nunca os olhos secavam.
No transporte particular do general, passaram por prados verdes, cidades ricas e famílias sorridentes.
O Conselho Real entreolhou-se quando a infeliz chorosa foi colocada diante deles. A figura de joelhos e em prantos era particularmente pertubadora, apesar das milhares idênticas que já haviam aparecido naquele mesmo salão frio, em vários anos do passado.
"Para o rei" murmuraram irritadamente. Nada tem ela aqui conosco, velhos que muito já viram e pouco realmente fizeram.
O rei, sua esposa e o príncipe herdeiro receberam a mais escandalosa jovem que já aparecera na corte. Sem medo, ela chorava tão alto que foi difícil compreender as palavras do rei.
"Deem-lhe um quarto limpo e atendam todos os seus pedidos".
Seu semblante triste pairou no primeiro jantar real para o qual foi convidada. Os primeiros vestidos caríssimos que ganhou de presente do príncipe ficaram ensopados de lágrimas. Na festa de casamento com o herdeiro do trono, a agora princesa, foi encontrada escondida em uma armário da cozinha do castelo, chorando. Em sua coroação, os olhos encontravam-se em seu inchaço usual.
Os prantos, os soluços, gemidos, lamentos jamais cessaram. Soube-se que, talvez um leve sorriso tivesse sido visto. Mas somente uma vez, quando o Conselho Real foi dissolvido, os generais depostos, os comandantes aposentados, os soldados liberados de suas obrigações e o reino conquistador teve seu nome trocado por aquele do reino outrora conquistado. Se a rainha sorriu, sorriu porque a última de seu povo, na verdade, vencera sozinha uma grande e terrível guerra.


E eu realmente não tenho um nome pra essa coisa. Teve um pouquinho de inspiração em "O Conto da Ilha Desconhecida"do Saramago. Mas bem pouco mesmo.

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