domingo, abril 03, 2011

Desenhos e eu

Texto para a matéria de Oficina de Produção de Textos descrevendo algum aspecto sobre a infância.


Desenhos


Canais infantis de televisão eram meus melhores amigos. Cartoon Network, Discovery Kids, Warner Channel Kids, a extinta Fox Kids e Nickelodeon formaram boa parte do meu cotidiano. Consigo associar capítulos da minha infância com as suas antigas programações.

No início, a maioria dos desenhos não eram dublados, então eu assistia Paw Paw Bears, Wuzzles e Rainbow Brite em inglês durantes as manhãs. Eu nunca cheguei a compreender por completo do que se tratavam esses desenhos, mas ainda assim me divertia muito acompanhando as imagens. Elas faziam parte do meu café da manhã, antes das aulas de natação. Os mesmo acontecia na programação do Discovery Kids, às vezes em espanhol ou inglês, mas raramente em português. Nunca entendi um episódio sequer do desenho Cro, mas eu o adorava. Eu também apreciava muito os documentários sobre a vida animal, formatados para um público infantil. Por muito tempo, eu soube tudo sobre pandas. Mas isso era durante a semana. Eu costumava fechar a janela da sala de televisão, pois os barulhos das outras crianças brincando na quadra de esportes atrapalhavam o som da TV.

Para os sábados de manhã, o Warner Channel chegou a criar uma das melhores grades infantis da história, começando por Thundercats às seis da manhã e durando até o meio dia, com Freakazoid, Pink e o Cérebro, Histeria, Animaniacs, Tazmania, Tiny Toons, Superman e aquele que entrou por debaixo da minha pele, me causando arrepios e me tornando uma assídua leitora de quadrinhos pelos anos seguintes: Batman, Volume II. Essa animação aliás, chegou a ser transmitida em horários noturnos pelo canal, por ser considerada muito adulta. Eu me lembro disso, por causa de uma sexta feira à noite que eu fui dormir na casa de meus primos, e eu tentei assistir um episódio sobre a Mulher-Gato, mas fui proibida por minha tia, insistente que eu fosse aproveitar a noite e brincar debaixo do bloco daquela quadra da Asa Sul.

Aos meus sete anos, fiz alguns semestres de balé durante as tardes. Eu não era muito boa, mas esquecia disso após as aulas, quando chegava em casa e assistia Bananas Splitz, Josie e as Gatinhas e Scooby Doo ainda de colant e coque na cabeça. Lembro-me de sentar no sofá, com meu corpinho quente e cansando e relaxar diante do canal 24, o antigo número do Cartoon Network, pela extinta TVA.

Quando minha mãe se separou do meu primeiro padrasto, nós nos mudamos para um pequeno apartamento da Asa Norte, bem diferente do quatro quartos no condomínio da Octogonal, no final da Asa Sul. Nessa época, minha maior distração era a animação do Homem Aranha, o principal programa da Fox Kids entre meus nove e dez anos.

Quando conseguimos nos mudamos de novo, começou a era Pokémon. Eu a abracei com a maior força que meus bracinhos magros de 11 anos conseguiam suportar. Esse desenho virou meu Sol, minha estrela guia na escuridão da minha depressiva pré-adolescência. Eu odiava minha escola e meus colegas. Era excluída da brincadeiras, as poucas que haviam, pois vivi em uma geração que buscava com empenho tornar-se precocemente adulta. Não conseguia acompanhar as conversas, nem interagir com as outras meninas, pois meu interesse não se encontrava em garotos, roupas e maquilagem. E eu acredito que o delas também não, não realmente.

Eu acordava de manhã desejando ardente mente morrer, mas então, o pensamento de que às dez e meia da noite, logo depois de A Vaca e o Frango, Pokémon seria transmitido pelo Cartoon Network me acalentava e me ajudava a suportar o longo dia que eu teria pela frente. E quando o desenho começava, eu me sentia segurada no colo e um sopro quente aquecia meu coração. Assim sobrevivi pelos anos seguintes.

Posso dizer com certeza que até meus 14 anos, diferentes desenhos animados tiveram semelhante papel na minha vida. Consoladores, meus companheiros. Hey Arnold, Ginger, Doug, Rugrats, Thonberries e Rocko's Modern Life eram meus favoritos do Nickelodeon. No Cartoon Network, eu conheci as melhores animações japonesas da época: Sakura Card Captors, Samurai X, Dragon Ball Z e Sailor Moon.

Esses títulos, de certa forma, me prepararam para minha plena adolescência. Quando completei 15 anos, me sentia mais forte e segura. Passamos a morar em uma casa melhor, comecei a fazer bons amigos e sentia mais vontade de desligar a TV e sair de casa.

Até hoje eu assisto desenhos animados e acredito que assim será pelo resto de minha vida. Percebi que as pessoas mais alegres, divertidas, extrovertidas e simplesmente felizes, são como eu: conseguem apreciar uma animação como se tivessem cinco anos de idade.

Nós crescemos, mas o melhor de nós permaneceu. O olhar jovem diante da vida.



Na verdade, eu não citei MILHÕES de desenhos, porque tentei me ater aqueles que eu assitia pela TV paga. Mas nossa, Tenchi Muyo, Guerreiras Mágicas de Rayearth, Cavaleiros do Zodíaco, He-Man, She-Ra, Ursinhos Gummy, Smurfs e tantos outros também me marcaram, sabe.

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1 Comentários:

Blogger Cristiano disse...

Adoro desenho também, me pego as vezes vendo desenho com meus afilhados.
Gosto muito de hercules da disney, para falar a verdade sempre gostei da disney...
um abraço!

4:20 PM, dezembro 30, 2011  

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